quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Panamá. O cú do mundo



Eu estava reparando como a maioria dos posts do Donnuts têm o título em inglês. Esse aqui acabou saindo em português claro. Sim, o Panamá é um lugar abandonado pelo bom gosto, bom senso e pela música.

Antes mesmo de existir o Canal, aquele país, por sua geografia, já era a rota de escoamento do ouro que vinha do Peru e da Califórnia para Nova York e Europa. Os caras subiam em mulas no lado do Pacífico, depois se jogavam em barcos e remavam pelo Rio Chagres, que percorria o que sobrava do caminho, até o Atlântico. Aí vieram os franceses, depois os americanos e, finalmente, a partir de 2000, depois de 70 anos, o canal passou a pertencer aos panamenhos. Ele e a grana que gera com fluxo ininterrupto de barcos.

Eu fui jantar com uns clientes num restaurante bem na beira do canal. Vi, de boca aberta, um petroleiro gigantesco passar na minha frente, descendo pelas eclusas que o deixaram na altura certa para que seguisse pelo Oceano Pacífico. Parecia a cena de abertura de Guerra nas Estrelas, com aquele cruzador cortando a tela por longos minutos. No restaurante, uma versão panamenha do Terraço Itália, famílias com roupas de casamento olhavam para aquilo com orgulho e gratidão.

Mas toda a grana gerada por aquela maravilha da engenharia não está servindo para muita coisa. O aeroporto internacional do Panamá é o primeiro em que não encontrei uma banca de revistas ou de livros. Até o aeroporto de Padang tinha algo assim. Também comparei com Cuba, que restaurou Havana Vieja inteira. O Panamá preferiu construir arranha-céus, cassinos e shopping centers enquanto seu centro histórico – chamado de Casco Antigo – se desmancha com o vento do Pacífico.

A Ferr, que escreve aqui no Donnuts - e que viajou comigo para essas reuniões -, definiu muito bem a situação depois de averiguar uma loja de cd’s de um dos principais shoppings da cidade:
“Tadinhos. Eles são tão carentes.”


Ilustrando post, o trabalho de Wilfrid Wood. Vale a visita.


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