sexta-feira, 3 de outubro de 2008
No Gucci
Minha casa que é uma espécie de estúdio, sem paredes, sem portas, sem nada. Praticamente um trailer de camping.
Na minha casa, são três dias por semana, pelos quais eu pago R$ 450,00
Ela é uma mulher jovem, educada e dedicada, mas mesmo assim, continua sendo doméstica – sem nenhum demérito – mas pensando racionalmente, se eu fosse ela, procuraria outra função na vida.
De qualquer forma, ela se demonstra feliz com sua ocupação, minha casa é fácil de arrumar, fico pouco lá.
Normalmente ela espera eu acordar, tomar meu café, meu banho, e depois ela entra na casa para começar o trabalho diário. Enquanto isso ela cuida da roupa, no quintal.
Terça-feira passada, mudei um hábito. Por força do horário, abri a porta pra ela entrar e fui tomar meu banho.
Sai já trocado do banheiro e fui até a cozinha fazer o café.
Ela estava usando um jeans snikky, tênis e uma jaqueta de couro preta. Simples, mas muito cool. Tudo muito moderno e adequado.
E como qualquer mulher, ela tinha uma bolsa, da Gucci.
Além de uma casa em forma de trailer, tenho um bar freqüentado pelos fashionistas; ou melhor fashion victims (aprendi esse termo faz pouco tempo) – todos lá usam a mesma roupa da minha empregada. E também bolsas Gucci.
Pensamento:
Se minha empregada usa Gucci, e a mais fotografada da Vogue Rg usa Gucci, temos um “brand schizophrenia” , como diriam no AAAA.
Adoro pensar em como as marcas e as pessoas não se entendem. A marca diz: eu sou pra poucos. Todos a querem. Outras marcas dizem: sou pra todo mundo. Ninguém quer. E nessa a gente vai fazendo Power Point, criando manifestos, ganhamos prêmios e a vida passa.
Minha empregada e minhas amigas não sabem o meu objetivo como planejador. Nem eu.
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