No ano passado, mais especificamente em março, li pela primeira vez um livro do Dino Buzzati. O Dino foi um dos maiores escritores italianos do século XX, nasceu numa cidade pequenininha da Itália em 1906, estudou direito e virou jornalista do Corriere della Sera. O livro dele que eu li chama O Deserto do Tártaros. E sempre que eu leio, eu grifo o livro. E ontem eu peguei O Deserto dos Tártaros para olhar de novo.
É um livro que conta a história de um soldado, o Drogo, cujo sonho é participar de uma gerra. Ele é enviado para um forte isolado do mundo e fica lá, esperando os "tártaros" chegarem para rolar a batalha (não vou falar mais porque daí é spoiler).
O livro é a coisa mais linda. Apesar de ter sido lançado em 1940, é completamente atemporal. Ele fala de espera, de escolha, da passagem do tempo e de como ele escorre pelas mãos. De como a gente vive a nossa vida esperando que algo extraordinário aconteça para nos redimir e justificar a nossa existência. Seja viver um grande amor, morar na praia, ter uma pousada no Sul de Minas ou só ficar rico.
E a gente fica sempre pensando que tem o tempo todo pela frente para fazer o que é preciso, que o extraordinário está sempre adiante. E a vida vai passando e talvez nada extraordinário aconteça ou talvez a gente faça a escolha errada ou o talvez o extraordinário passe despercebido. E aí, o que sobra? Teoricamente, não sobra nada. A gente morre e abraço. Só que daí eu penso: dá pra viver sem sonhar? Eu acho que não. Acredito em pequenas realizações diárias e reconheço a importância de todas elas. Mas não tira meu sonho de mim, por favor. Sem ele, fica tudo cinza e muito, mas muito sem graça.
Informação importante: o livro virou filme. Valerio Zurlini foi quem filmou apesar de todo mundo falar que o Antonioni adorou esse livro também. Mas não vejam o filme não, leiam o livro.
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