Eu assumo: tenho uma quedinha por Ronda, desde pequena. Não sei se porque é a música preferida do meu pai ou se porque é um símbolo da boemia paulista ou porque é piegas e só. De qualquer forma, me faz lembrar uma São Paulo de sinucas, sambas, botecos e amores não correspondidos. O lance da prostituta querer matar o cara dá esse “que” dramático que eu adoro e tem tudo a ver com São Paulo. E acho que nos diferencia um pouco daquela coisa praia e malandragem do Rio de Janeiro. Como se a nossa boemia fosse mais rock´n´roll.
Eis que domingo à tarde, me ligam dizendo que estava rolando num boteco minúsculo uma roda de samba com ninguém mais ninguém menos do que Paulo Vanzolini, o autor de Ronda (e de Praça Clóvis, e Volta por cima, entre outras) e figurinha carimbada do samba paulista.
Obviamente, eu fui lá dar um abraço nele. O boteco era uma coisa de louco. Meio caindo aos pedaços, com uns cartazes na porta, sem nome, em pleno Cambuci. O dono é o Seu Zé, um português que cuida de tudo junto com a irmã dele, a Maria. Os freqüentadores (uma dúzia de pessoas) foram um espetáculo a parte: tinha um cara de pijama (juro), outro cara com uma havaiana de cada cor e casais de velhinhos dançando coladinho.
E o Paulo Vanzolini é um velhinho de 84 anos que toma cerveja como se tivesse 18. Falamos para ele que Ronda é a melhor música do mundo. Ele riu e cantou, apesar de renegar a música e falar sempre que Ronda foi uma besteira que ele fez quando tinha 21 anos.
Fato é que ele mesmo diz que a música meio tem vida própria hoje. Segundo umas pesquisas x, ela é uma das músicas mais pedidas nas noites paulistanas (?). E claro que o bar inteirinho cantou junto. Não vou colocar um videozinho de Ronda aqui não. Quem não sabe que música é essa, ou não nasceu no Brasil ou nunca cantou num karaokê.
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Um comentário:
moral da historia: algumas besteiras que a gente faz aos 21 anos podem ser as melhores coisas da vida, néam?
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