segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Niente



Minha janela do quarto é daquelas grandes, que vão até o chão, e dá para um balcão pequeno onde só cabe uma pessoa de pé. A vista até que é razoável.
Humpf. Mentira, é uma merda. Mas fazem duas semanas que não pego onda nem vou pra praia, então me contento com a janela por onde decido ver o dia passar. Uma opção clara pelo nada, por não procurar assunto ou preencher o tempo. Hora sai o sol, hora bate a chuva num domingo onde paulistas lotam as padarias do bairro, os cafés e os sofás com vista para a Fórmula 1 na TV. Eu fico com a janela e com o silêncio. Uma combinação que já deu muito pano para as mangas de Vilhelm Hammershøi, pintor dinamarquês obcecado por linhas e por um certo sentido de contemplação que me pertubaram na primeira vez que vi. Para ele, o nada é suficiente e, nesse domingo, também para mim.
Mentira de novo. Numa virada espetacular - leia-se, uma tentativa besta de lhe dar mais alguma razão para continuar lendo esse blogue - me agarro no assunto janela e sugiro o trabalho do blogue Tebe Interesno. O cara é russo e faz umas interferências em fotos como a que abre o post.
Abaixo, a versão de Hammershøi do mesmo tema.

Um comentário:

eu disse...

Sabe o que você merecia? A indiferença dessa cidade que lhe cobra mas que também lhe proporciona tanto. Ingrato, ingrato, como todos os que buscam respostas olhando pela janela em vez de olhar para dentro deles mesmos.
PS: Estou há 3 semanas sem surfar e claramente mais puto que você.